Um breve conto sobre acreditar ou não acreditar
Certa vez um homem desenvolveu uma maravilhosa máquina, capaz de viajar no tempo. Poderia correr milhares de anos no futuro ou no passado. Esse cientista era físico, no entanto. Nada entendia sobre como estudar as civilizações, como se desenvolveram até ali, como se desenvolveriam dali para frente. Então ele procurou por seu amigo antropólogo, e contando sobre sua descoberta, o convidou para viajar para o passado e para o futuro distantes, para estudar com mais precisão como o mundo se desenvolveu.
O Antropólogo, então decidiu por tratar de uma das questões mais polêmicas da história, e ir direto na religião. Aprendeu o Hebreu antigo, e levou a máquina para os desertos do Oriente, para procurar por aquele que foi chamado por tantos como o Salvador.
Lá estando, ele preparou suas vestes características, se muniu de água e comida, e se preparou para a viagem de toda forma quanto pode, pensando no tempo que levaria pra o encontrar. Digitou o dia, a data e a hora, evirou a chave. Após um show de luzes de quinze segundos, ele se deparou com o mesmo deserto no qual estava até então. Nada havia mudado, salvo por um homem que estava sentado em uma pedra bem ao lado da máquina.
O homem sorriu pra o antropólogo e perguntou no bom Português:
“Você fez uma longa viagem para me ver, espero que tenha valido a pena. Bela máquina do tempo a sua.”
O antropólogo analisa bem o homem, e a primeira coisa que observa é que o homem fala o Português muito bem, então ele responde:
“Eu suponho que faça parte da sua onisciência saber falar idiomas que só existirão no futuro”
E o homem diz:
“Ou isso, ou eu sou apenas ouro viajante do tempo como você, que viu e sabe mais coisas do que os outros que vivem por aqui.”
“Existe alguma forma “ perguntou o antropólogo “ pela qual me convença ou prove que você não é apenas outro viajante do tempo como eu? pode me provar que tem o poder que tem?”
“E de que adiantaria provar alguma coisa, se você só buscaria formas de explicar o que quer que visse?” respondeu, “ E mesmo os que viram se recusaram a acreditar. Como acreditaria alguém que viveu milênios depois que isso se tornou apenas uma história?”
“Eu vim até aqui para saber se realmente você foi quem disse ser, ou se era um impostor.”
Então respondeu o homem.
“Então que volte com a dúvida. Todos os que acreditam, o acreditam por que procuram acreditar. Você veio até aqui duvidando, buscando mais uma forma de duvidar, mesmo que eu te desse pelo que acreditar, até disso duvidaria.”
Então respondeu o antropólogo:
“Como pode esperar que os homens do meu tempo voltem a acreditar em você, se você não os quer provar que existe.”
Então o homem respondeu:
“Os homens precisam acreditar que eu sou realmente quem sou, para dar valor às minhas palavras? Não são capazes de considerar a verdade ou o engano nelas por elas mesmas? O que adianta a prova para quem não quer acreditar? Como vão encontrar a verdade, se procuram ela dentro de si mesmos mesmos, e duvidam de todo o resto?”
“Devo dizer a eles que não houve um salvador, então?” perguntou o antropólogo.
“Diga a eles: Existem aqueles que acreditam no que querem, e não no que faz sentido e existem aqueles que acreditam no que faz sentido acreditar. Se procurarem dentro deles mesmos, só vão encontrar a eles mesmos. Se procurarem duvidar, encontrarão apenas a dúvida. Se procuraram um deus sob medida para as próprias necessidades, vão criar para si cada um o seu deus. Só quem procurar a pelo próprio deus pelas pisas que ele deixou no mundo, é quem vai realmente encontra-lo”.
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