A Liberdade no Pensamento de Immanuel Kant vs Nietzsche
Você é livre? Eu quero que pense com seriedade nessa pergunta? Você é livre? Você se sente livre?
É claro que isso vai depender da sua visão de liberdade. Muitos de nós hoje acreditam que a liberdade é um problema, que com liberdade, seríamos animais selvagens, assassinos e sanguinários. Essa visão vem de uma antiga opinião nossa, plantada pelos gregos e romanos, temperada pelos europeus colonizadores e efetivamente cozida por um rapaz chamado Immanuel Kant.
Que ideia é essa? A ideia de que os homens foram um dia como animais, e que não eram livres para fazer o que queriam, por que não tinham vontade. Eles tinham desejos, na verdade. Seu corpo desejava comer, dormir, descansar, acasalar, mas isso é apenas um impulso, e esse impulso os governavam. Esses impulsos ditavam cada movimento do seu corpo, sem que sua mente pudesse fazer nada para se opor. Então certo dia veio Prometeus, e entregou o fogo do olimpo ao homem, ou Satanás com a fruta proibida, se preferir, e deu o homem a liberdade de compreender que ele existia, que ele podia agir, e que suas ações tinham impactos a serem tomados, ou seja, agora ele podia planejar suas ações se baseando nas reações, nas consequências de seus atos.
Agora os homens tem desejos, como outros animais, mas agora tem também força de vontade, que os permite ir para a direita e para a esquerda, conforme acharem melhor, e sendo assim, a vida em sociedade é muito melhor e muito mais saldável. Um gato morreria de fome na frente de uma bandeja de maçãs, por que não era livre para comer algo que não fosse carne, mas nós poderíamos comer não só a maçã, como a carne e até o gato!
É claro que nós mediamos o que decidimos por fazer em prol de uma vida em sociedade mais civilizada, culta e feliz, coisa que os animais jamais poderiam ser, e assim, respeitar os desejos uns dos outros, da forma mais adequada.
Essa opinião é compartilhada pela maioria das pessoas, por que, até onde me parece, a maioria das pessoas tem um pensamento essencialista, idealista, como o de Platão ou Kant, mas eu quero considerar aqui uma visão mais materialista, no caso as de Nietzsche.
Nós vivemos hoje em sociedade, somos cultos, bonitos, educados, nos vestimos bem, e temos o poder de lutar contra os desejos dos nossos corpos, a propósito do nosso convívio em sociedade. Mas ignorar os desejos dos nossos corpos é um erro, é uma dor horrível, por que nós somos antes de mais nada, seres vivos, biológicos, temos instintos, temos desejos e nos distanciamos do que poderíamos ser, quando uma concepção ou ideia abstrata nos dita como agir. Ele acredita que não é saldável nos distanciarmos do que a natureza nos fez, e que quando nos privamos desses desejos, nosso interior adoece, e que a maldade dos homens vem desse adoecimento.
É como um músico, que nasceu para tocar seu violino, mas sendo em sua sociedade considerado imoral e feio tocar violino, se vê obrigado a trabalhar em uma fábrica, e aquela mágoa guardada por tantos anos o torna uma pessoa má, rancorosa e depressiva.
Nessa concepção, Nietzsche lhe diria que o homem só era livre, quando antes de receber a fruta proibida, quando não sabia que existia, e que podia dar voz as necessidades de seu corpo sem ser julgado moralmente.
Para ele, hoje não somos mais livres, por que para viver em sociedade, na maioria das vezes, precisamos nos afastar do que realmente desejamos, por que aqueles que dão vozes ao instinto são considerados os menos civilizados, mais rudes, mais perdidos e imorais. Principalmente partindo do fato de que dificilmente as ideias que ditam a nossa moral e os modos necessários para viver em sociedade não partem de nós mesmos individualmente, e sim do conjunto do nosso círculo social.
O que você me diz, caro leitor, sua vez de se posicionar. A sociedade liberta o homem, ou o aprisiona?
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