Holismo
Holismo deriva da palavra grega holos, que significa "todo" e é usada principalmente no sentido de "totalidade sistêmica", por isto, quando se fala em sistema holístico, incluem-se quaisquer tipos de sistema, desde as ciências naturais, passando pelas humanas e humanas aplicadas, até a própria filosofia.
O conceito de holismo pode ser encontrado na filosofia desde a Grécia Antiga, no entanto, o termo só foi utilizado pela primeira vez em 1927 pelo ex-primeiro ministro sul-africano Jan Christiaan Smuts em seu livro Holismo e Evolução. Smuts utiliza o conceito de holismo para fazer uma análise ampla da vida, mente e matéria, considerando-as como entidades interligadas dentro de um processo progressivo, diferindo portanto do modelo reducionista que entende a matéria, a vida e a mente como entidades separadas e completamente distintas. Na teoria de Smuts a matéria contém o potencial da vida e da mente.
Embora Smuts seja o primeiro a utilizar o termo "holismo", considera-se que a primeira apresentação completa do conceito se dá por meio do filósofo grego Aristóteles, quando este afirma em sua obra Metafísica que "o todo é maior que a soma de suas partes", implicando que a análise de um sistema, ou estrutura complexa, supera a simples análise das partes que o compõe e suas características fundamentais, mas converte-se em um sistema em si mesmo.
O holismo é a posição que se opõe ao método cartesiano, na medida em que este afirma que a análise das partes é suficiente para compreender o todo. Sendo, portanto, um método não-reducionista, o holismo defenderá que o todo possui características que não podem ser adequadamente compreendidas pela simples análise das partes, mas apenas por uma análise sistêmica de toda a estrutura, já que as partes formam um organismo com características e configurações próprias.
Em sistemas holísticos, o todo determina em grande medida a função e características das partes, de acordo com as demandas do organismo por elas composto. No exemplo apresentado pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, o sangue deve ser considerado um organismo completo, não podendo ser reduzido ao que consideramos serem as partes que o compõe sob o risco de perdermos a capacidade de compreender sua natureza, que, de acordo com este ponto de vista, é o de uma substância em si mesmo.
Atualmente em filosofia, qualquer doutrina que enfatize a prioridade do todo sobre suas partes é considerada uma forma de holismo. Entre os filósofos para os quais o holismo foi importante, encontra-se em destaque Baruch Espinoza, para o qual o conteúdo das ideias seria determinado apenas quando considerado em caráter relacional com o conteúdo completo da mente, todas as ideias consideradas em conjunto. Esta noção de holismo se aproxima do que veio a ser conhecido como "holismo semântico" na filosofia de Gottlob Frege, Ludwig Wittgenstein e Willard van Orman Quine.
Quando considerado no âmbito da filosofia da linguagem, o holismo semântico apresentará a questão do significado de uma palavra ou sentença afirmando que uma palavra ou sentença só pode ter seu significado considerado e compreendido na medida em que o compreendemos no corpo da linguagem como um todo, ou no corpo de uma teoria que explique tal linguagem. Paralelamente, em filosofia da mente, quando se trabalha a partir do holismo semântico, um estado mental só pode ser identificado em termos de sua relação com outros estados mentais.
Referências bibliográficas:
CREMA, Roberto. Introdução à visão holística. "2 ed." São Paulo, Summus, 1989.
SMUTS, Jan Christiaan (1927). Holism and Evolution 2nd Edition. Macmillian and Co.
SCHABBEL, Corina. Redescobrindo... a holística. São Paulo, Iglu, 1994.
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