Língua Portuguesa: O que é Morfologia
Compreende-se por “Morfologia”, a ciência linguística que se ocupa de estudar os constituintes de uma palavra, dissecando-a, ou seja, realizando a “análise morfológica”. A palavra se compõe de um “radical” [elemento que contém a ideia básica] e dos chamados “afixos”, morfemas que se unem àquele, visando à formação de novas palavras. Quanto à colocação em relação ao “radical”, os afixos dividem-se em:
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Prefixo (posiciona-se antes do radical): refazer - prefixo “re” (indicador de repetição) + base verbo “fazer”.
Sufixo (posiciona-se após o radical): africano: base “África” + sufixo “ano” (indicador de origem).
Vale ressaltar que a formação de uma nova palavra ocorre por meio de diferentes processos. Tratar-se-á, aqui, dos principais deles:
Tipos de Derivação
1. Derivação Prefixal
infeliz - prefixo “in” (sinalizador de “negação”) + base (adjetivo “feliz”)
antepor - prefixo “ante” (ideia de anterioridade) + base (verbo “por”)
Observe como a presença de um prefixo, por exemplo, pode influenciar no significado de um texto [no caso, uma piada, extraída do livro Os humores da língua], tendo em vista o efeito de sentido que se deseja alcançar:
Duas mulheres conversando:— Graças a mim, o meu marido ficou milionário!— Ué! — estranhou a outra. — Quando vocês se casaram ele já não era milionário?— Não, quando nos casamos ele era multimilionário!
Perceba que o humor gerado pela piada reside no acréscimo do prefixo “multi” (indicador de uma quantidade significativamente mais superior) à palavra “milionário”.
2. Derivação Sufixal
lavatório – base (verbo “lavar”) + sufixo “tório” (indicador de lugar)
amigdalite – base (substantivo “amígdala”) + sufixo “ite” (indicador de inflamação)
3. Derivação Prefixal e Sufixal
destemido - prefixo “des” (indica ausência de algo) + base “tem [or] + sufixo “ido”.
imprescindível – prefixo “im” + base “prescindir” + sufixo “vel”
4. Derivação Parassintética
Entardecer (prefixo “em” + base “tarde” + sufixo “cer”)
Para comparar: Ao contrário da derivação prefixal e sufixal, a parassintética não admite a presença independente do prefixo ou do sufixo ao se ligar ao radical. Afinal, inexistem as formas “entarde” e “tardecer”.
5. Derivação Regressiva
Formação de uma palavra em determinada classe gramatical, tomando como referência um vocábulo de outra classe. Por exemplo, a formação de substantivos a partir de verbos:
destruir – destruição, decidir – decisão, eleger - eleição, alcançar - alcance.
6. Derivação Imprópria
Mudança na classe da palavra sem transformação na forma original:
O verbo “olhar”, quando precedido de artigo, torna-se um substantivo: “o olhar”.
Observe estes vocábulos que, dependendo do contexto, se inserem em outras classes de palavras:
gato (animal – substantivo) – gato (homem muito bonito – adjetivo indicador de metáfora)
Tipos de composição
A composição tem a finalidade de unir elementos pré-existentes, alterando-os ou não, conforme exemplos, formando uma única palavra:
Composição por aglutinação: vinagre (vinho + acre), aguardente (água + ardente), pernilongo (perna + longa), lobisomem (lobo + homem)
Composição por justaposição: beija-flor, mandachuva, contracheque, couve-flor.
Para concluir: A análise morfológica visa identificar a composição da palavra, esmiuçando os seus constituintes. Os afixos, por exemplo, denotam determinados sentidos que permitem compreender o significado da palavra. O estudo dos prefixos e sufixos possibilita perceber a enormidade de novos vocábulos que pode ser formada. Nesse contexto, o repertório vocabular pode ser ampliado.
Referências:
BASÍLIO, Margarida. Formação e classe de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Derivação e Composição. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 97-131.
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua. Agenda 2003. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
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