Quem foi Antônio Cândido
Crítico Literário, ensaísta, sociólogo, professor, são as características profissionais que definem Antônio Cândido, que partiu do interior de Minas Gerais, embora houvesse nascido no Rio de Janeiro em 1918, para ser reconhecido e premiado no Brasil e no mundo.
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A imaginação popular pode identificar, preconceituosamente, um crítico da arte como alguém que não foi capaz de produzir uma grande obra, portanto se ateve a analisá-las e emitir seu parecer. O próprio Antônio Cândido, que se dizia muito tímido, chegou a imaginar que as coisas que sabia, não eram do interesse de ninguém, em suas próprias palavras. Estava enganado.
Ele, profissional da crítica literária, ou seja, um crítico de arte especializado na arte da linguagem. Ele analisa o argumento (enredo), o contexto, o discurso, as ideologias, as ferramentas retóricas utilizadas, o efeito proposto, o efeito obtido, a importância política, a forma, o conteúdo; o valor sócio-cultural, filosófico, pedagógico, histórico, além do valor estético.
O crítico literário é, portanto, um filósofo da arte verbal. E mas especificamente no caso de Cândido, que era formado em Sociologia e mantinha uma relação estrita e apaixonada com a Antropologia, serviu para influenciar milhares de mentes, gerando comportamentos, remondando o país. Fato comprovado, tendo em vista que o crítico, que era também professor, teve como um de seus alunos Fernando Henrique Cardoso, que depois foi eleito Presidente do Brasil.
De tal forma, Antônio Cândido era um pesquisador incansável, leitor ávido, grande intérprete de metáforas, lendas, símbolos, arquétipos e investigador. Observador da sociedade e um estudante da psique humana.
A essa personalidade, soma-se o fato de possuir uma escrita agradável, que é facilmente digerida e portanto suas observações se tornaram definitivamente relevantes para a literatura.
Antônio promovia diálogos entre a literatura brasileira e a universal, sobretudo europeia. Por vezes identificando a debilidade, fraqueza e retraso da então literatura brasileira. Porém jamais deixou de amá-la. Era habilidoso em seu labor, tanto que já nos primórdios da sua caminhada, foi perspicaz e inovador, reconhecendo talentos então desconhecidos como Clarice Lispector em suas primeiras letras.
Para Antônio, não basta compreender o país através da literatura, pois essa compreensão gera uma responsabilidade e consequentemente o professor se envolveu com aspectos da política e encontrava-se em desacordo. A discrepância de um país assolado pelo analfabetismo não lhe caía bem. Ativista, anti-fascismo, foi um dos fundadores da União Democrática Socialista, que mais tarde passou a ser conhecida como Partido Socialista Brasileiro.
De extrema lucidez, Antônio Cândido parte do discurso para a prática, atuando como defensor de causas humanitárias, denunciava a repressão que o país enfrentava no período do regime militar (1964-1985). Foi ousado e extremo. Esse caminho o levou à fundação do Partido dos Trabalhadores nos primeiros momentos pós ditadura.
Antônio Candido morreu em 12 de maio de 2017, em São Paulo, em decorrência de uma hérnia de hiato inoperável.
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