O que é o movimento #MeToo?
Em português, a expressão MeToo seria algo como Eu Também. O movimento surgiu em forma de hashtag nas redes sociais, mas logo ganhou notoriedade ao ser adotado por celebridades hollywoodianas.
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Apesar de ter tido bastante repercussão no ano de 2017, foi ainda em 1996 que a expressão #MeToo foi pensada pela primeira vez. Foi a ativista Tarana Burke, que luta pelo empoderamento das jovens mulheres negras, que iniciou o movimento.
Depois de escutar o relato de uma criança que sofria abusos sexuais do padastro, Tarana Burke não teve coragem de dizer para ela: Eu também. Esse remorso corroeu a americana, que somente anos depois teve a força para falar ao mundo: me too, ou seja, eu também. A ideia de propagar o movimento foi criar empatia entre as vítimas de assédio.
A popularidade da expressão veio com o Twitter, quando a atriz americana Alyssa Milano, de 44 anos, “twittou” o termo. Ela fez isso depois dos escândalos com o produtor Harvey Weinstein.
Harvey Weinstein era um dos maiores produtores de Hollywood, fundador da Miramax e da The Weinstein Co. Ele já venceu o Oscar e produziu grandes sucessos de bilheteria como o Senhor dos Anéis.
Foi o Jornal The New York Times que abriu as acusações com entrevista da atriz Ashley Judd. Em seguida, apareceram outras e outras narrando as atitudes desprezíveis do poderoso magnata da indústria cinematográfica.
Ao todo, mais de 20 mulheres acusaram Weinstein de assédio sexual, insinuações ou estupro.
De acordo com o jornal El País, o movimento #MeToo ajudou a disseminar pelo mundo o combate ao assédio sexual. O diário espanhol revelou que a busca pela palavra feminismo no dicionário Merriam-Webster aumentou 70% somente no ano de 2017. “Nunca antes tantas mulheres —e também homens— de diferentes esferas haviam se definido publicamente como feministas, palavra maldita durante anos”, define o El País.
Os países europeus também aproveitaram a tendência para endurecer seus debates contra o assediadores. Na Suécia, foi votado uma lei para deixar claro o que é abuso do que é consentido. Na França, algo parecido também está em discussão.
Os dados oficiais revelam o quanto o abuso é uma constante em todo o mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas, a ONU, uma em cada 10 mulheres são assassinadas pelos seus companheiros. O absurdo prossegue: uma em cada 14 mulheres já sofreu algum abuso sexual, segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS.
O movimento #MeToo também aflora outras questões relacionadas ao sexismo, cujas mulheres também são vítimas. Logo, ele se espalhou também na defesa de outras causas feministas.
Já que não é segredo nenhum que as mulheres ganham menos que os homens para exercer as mesmas funções. Somente na Europa, são 16,3% a menos, percentual muito semelhante ao do Brasil (16%) e Estados Unidos. Além disso, mulheres ocupam somente 20% dos cargos de alto executivo do Brasil, na Europa são 25%.
O movimento que aflorou nos bastidores dos estúdios de Hollywood tem uma importância gigante para as mulheres que trabalham na indústria do entretenimento, mas também para os outros setores.
Prova disso, é que a ginasta americana McKayla Maroney, campeã olímpica em Lodres-2012, também usou a hashtag para denunciar o abuso que sofreu dentro do mundo esportivo.
Esse foi o ponta-pé inicial para demostrar que o movimento #MeToo vai além do universo do entretenimento, mas pode atingir pessoas de outras áreas, até mesmo aqueles que não têm notoriedade da mídia.
A questão do assédio ganhou os noticiários, capas de revistas, destaque nos jornais e passou a fazer parte de debates em escolas, universidades, centro de convivência e invadiu até mesmo as reuniões familiares.
Outro lado positivo do movimento é que ele também foi adotado por homens, demostrando a preocupação do universo masculino com o respeito e igualdade de tratamento entre os sexos.
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