A auto-observação é um exercício diário
Se você já morou em uma cidade grande, você já passou por uma situação como essa em um ônibus lotado.
O ônibus para em um ponto, com gente enfiada em todos os cantos, e você precisa subir, embora não tenha espaço para você. Começa então uma saga enquanto o motorista pede para os passageiros liberarem mais espaço, e levam assim cinco minutos até que o ônibus saia do lugar.
No ponto seguinte, esse mesmo você, que fez todo mundo esperar cinco minutos até estar completamente inserido no ônibus, diz ao motorista a seguinte frase:
"Para não, motorista! Não cabe mais ninguém, tá muito lotado. Vai direto, não para não!"
Deu-se o paradoxo do egoísmo. E você está agora pensando se já fez algo do tipo, e se já fez, um pedacinho de você está encontrando uma forma de se justificar, ou de fingir que não se importa, tal como pode ter ocorrido na ocasião.
Mas julgar não é algo saudável, por que nós consideramos apenas as condições morais, não as emocionais.
Você não queria ter que entrar naquele ônibus lotado, mas precisava chegar no trabalho o mais rápido possível, então não podia esperar o próximo, e o ônibus não podia levar muito tempo para chegar ao destino.
Nós dificilmente indicamos o inimigo correto para culpar, mas com alguns momentos de reflexão, você consegue redirecionar a culpa e as atitudes.
Aliás, julgar uma pessoa que vive na mesma realidade que te influencia é querer ser capaz de criticar todo um sistema do qual não pode entender, por estar inserido nele. É como um peixe que tenta criticar os peixes que o caçam sem entender como funciona o ecossistema marinho.
O negócio é que não compreendemos uns aos outros o suficiente para julgar, mas um exercício de auto-observação pode ajudar você a saber o por quê age da forma que agiu, o que de fato te irrita, e melhor, cuidar.
É uma coisa relativamente simples, mas que se não fazemos com frequência, agimos descontroladamente e sem medo, e com o tempo podemos nos tornar tão feios internamente, que a mera ideia de olhar para si mesmo e para as próprias atitudes pode se tornar insuportável.
Tente agora, se perguntar por que você faz algo que tem o costume de fazer com frequência, por exemplo: "por que tem vontade de ler, mas não toma a iniciativa para tal?" Ou "Por que fica bravo quando as pessoas te abordam na rua para oferecer planos bancários"
As respostas parecem ser obvias, mas eu garanto que é diferente para cada pessoa, e que a maior parte jamais havia pensado sobre o motivo.
Auto-análise, minha gente. Olhem para vocês mesmos, façam, nem que seja a caneta e papel, um perfil da sua identidade e personalidade. Descubram o que vocês gostam e o que não gostam sobre vocês mesmos, nem que não seja para mudar, mas apenas para entender. Eu garanto que o mero observar já será suficiente.
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