O início da Filosofia Moderna
Embora alguns autores considerem a Filosofia do Renascimento, nos séculos XV e XVI, como parte da Filosofia Moderna, em geral, aceita-se que o filósofo que iniciou a Filosofia Moderna tenha sido René Descartes, no século XVII, uma vez que seus trabalhos definiram e deram corpo ao escopo, objeto e métodos de tal período da filosofia. Da mesma forma, o trabalho de Ludwig Wittgenstein é considerado o término de tal período, iniciando o que é normalmente chamado de período pós-moderno. Este período não é caracterizado por uma escola ou doutrina especifica, mas por um estilo de trabalhar as questões filosóficas e por certas premissas ou hipóteses comuns.
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As áreas exploradas nesta época incluíam a filosofia da mente, especialmente o problema mente-corpo identificado por Descartes, epistemologia e metafísica. Por não possuir uma escola única, a filosofia moderna é normalmente dividida pelas correntes filosóficas que exploraram os principais temas desta época. Os principais nomes desta época foram organizados posteriormente em dois grupos, os racionalistas e os empiristas. Os próprios autores não se identificavam desta forma, mas retrospectivamente, foram assim organizados, em termos de história da filosofia, principalmente pelas contribuições do filósofo alemão Immanuel Kant.
Entre os racionalistas encontramos filósofos franceses e alemães, que defendiam que todo conhecimento deve originar-se de algum tipo de ideias inatas na mente, aquelas ideias que são nativas, já nascem com a pessoa. Enquanto alguns racionalistas afirmaram que todo o conhecimento é inato ou provido por meio do raciocínio dedutivo, enquanto outros racionalistas aceitavam um maior papel da experiência. Entre os principais racionalistas encontramos médico René Descartes, o logicista e matemático Gottlob Frege e Baruch Spinoza.
Tendo como principais figuras os filósofos britânicos John Locke, George Berkely e David Hume, o empirismo era o opositor natural do racionalismo. Esta posição defendia que a mente era uma tábula rasa, termo introduzido por Locke, significando que não possuímos ideias inatas e que o conhecimento é impresso em nossa mente através dos dados dos sentidos. Com isto, defendeu ainda que haveriam duas formas para o surgimento das ideias, pela sensação e pela reflexão, com ideias podendo ser simples ou complexas.
Kant viria ainda a apresentar um sistema filosófico tão sofisticado que causou uma revolução na filosofia alemã. Embora seu objetivo de terminar a disputa entre racionalistas e empiristas, pela unificação de ambas as posições, não tenha sido atingido, Kant promoveu grandes mudanças e novas correntes na filosofia de sua época, sendo particularmente responsável pelo surgimento da corrente filosófica conhecida como Idealismo Alemão. O idealismo veio a afirmar que o mundo e a mente devem ser entendidos segundo as mesmas categorias, estabelecendo quais categorias seriam estas, o principal trabalho neste sentido foi a Critica da Razão Pura, de Kant, publicada em 1781. Este desenvolvido levou também ao trabalho do filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel.
Filósofos posteriores, como Soren Kierkegaard, opuseram-se a esta abordagem, defendendo que a vida deveria ser vivida ao invés de ser um mistério a ser desvendado por complexos sistemas que, segundo Kierkegaard, seriam inadequados para guiar a vida e o significado dos fatos do mundo. Friedrich Wilhelm Nietzsche, seguindo caminho aberto por Arthur Schoppenhauer, recusou toda a filosofia sistemática, procurando defender o papel do indivíduo na busca da verdade. Diferente de Schoppenhauer, que viu nisto uma forma de pessimismo, Nietzsche enfatizou a liberdade.
Com a proliferação do neo-hegelianismo, autores como Bertrand Russell e George Edward Moore incorporaram os desenvolvimentos da lógica de Frege sobre uma base empírica, nos moldes de Locke e Hume, movendo-se assim na direção do que viria a ser a filosofia analítica.
Ainda, nos desenvolvimento em politica e ética destacam-se os filósofos Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes.
Referências:
Ayer, A. J. Hume. São Paulo: Loyola. 1986.
DESCARTES, R. Le Monde. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1986.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1957.
DESCARTES, R. Príncipes de la Philosofie. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1971.
KANT, I. Crítica da razão pura. 4ª ed. Tradução: Manuela Pinto dos SANTOS e Alexandre Fradique MOURUJÃO. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.
Hume, David. Inquiry Concerning Human Understanding, 1748.
KANT, Immanuel. A PAZ PERPÉTUA, Um Projecto Filosófico.1795. Tradução: Artur Mourão. Universidade da Beira Interior. Covilhã, 2008
Locke, John, An Essay Concerning Human Understanding, Kenneth P. Winkler (ed.), pp. 33–36, Hackett Publishing Company, Indianapolis, IN, 1996.
Najm, Sami M. (July–October 1966). "The Place and Function of Doubt in the Philosophies of Descartes and Al-Ghazali". Philosophy East and West. Philosophy East and West, Vol. 16, No. 3/4
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