Qual a forma correta “Havia pessoas” ou “Haviam pessoas”?

Qual a forma correta “Havia pessoas” ou “Haviam pessoas”?

Vamos analisar o emprego do verbo “haver” no texto a seguir, que nos conta sobre a origem da palavra meia-tigela?

Meia-tigela (…) Na época da monarquia portuguesa, o povo da corte (criados, pajens, oficiais…) que não habitava o palácio nem contava ainda com o vale-refeição, era alimentado no local de trabalho. A comida era servida de acordo com as rações prescritas no Livro da Cozinha del Rei e a porção de cada um variava conforme a importância do serviço prestado. E assim haviam pessoas de tigela inteira e pessoas de meia-tigela. (Reinaldo Pimenta, A casa da mãe Joana)

E aí? Singular ou plural? Bom, o verbo se refere a um sujeito no plural (pessoas). Então, o verbo deve concordar com ele. Certo? Errado. Mas, por quê? 


Porque o verbo “haver”, quando sinônimo de “existir” ou “acontecer”, é impessoal. O que significa isso? Significa que ele não tem sujeito, ficando sempre no singular: E assim havia pessoas de tigela inteira e pessoas de meia-tigela. Nesse contexto, pessoal, nada de falar ou escrever algo como “Houveram muitos shows no Festival de Inverno.” e achar que está arrasando no plural, ok?

Dica: Para identificar se o verbo “haver” é impessoal, substitua-o por “existir” ou “acontecer”. E assim existiam pessoas. Note que, nesse caso, o plural foi empregado, pois o verbo grifado não é impessoal. É importante destacar que, em caso de locuções verbais, o verbo “haver” transmite a impessoalidade para o outro verbo (o auxiliar), por exemplo: devia haver pessoas e, não, deveriam haver.

Mas, quando se emprega a forma plural do verbo haver? Nas situações comunicativas, em que o verbo “haver” não for sinônimo daqueles verbos mencionados acima. Nesse caso, o verbo tem sujeito e concorda com ele.

Vejamos um exemplo:

- Os acusados houveram (obtiveram) a redução de suas penas. (Sujeito – Os acusados).

(Observação: coloquei propositalmente a forma “haviam” no texto, ok?)

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