O significado de Penso logo existo de René Descartes

O significado de Penso logo existo de René Descartes

Todo mundo já cansou de ouvir, ou até dizer a frase acima, em brincadeiras filosóficas, por passar pra gente a impressão de ser um conceito complexo e, quando não analisado, até mesmo sem significado.


Mas hoje vocês vão entender do que se trata.

O raciocínio é bem simples, isso é se você parar para refletir logo a pós compreender:

Nós compreendemos o mundo através dos nossos sentidos, ou seja, de forma indireta. Nossa percepção não é absoluta, depende  de intermediários orgânicos que estão dispostos a interferência interna (nosso estado de nervos ou interesse, por exemplo) e externa (ambiente escuro, ruído, ilusões de ótica etc...)

Portanto não podemos ter certeza de que o que vemos é fiel ao que realmente existe fisicamente. Sendo assim, você não só é impedido de compreender algo corretamente, como não é capaz de compreender de uma forma aceitável para tirar qualquer conclusão.

Nossos sentidos são limitados, alguns animais podem ver mais do que nós, outros podem ver menos. Imagine você, como teríamos feito para descobrir a largura das ondas de luz, se assim como os cães, não pudéssemos ver cores.

Pois bem, para Descartes, a cegueira parcial é cegueira absoluta. Não é possível compreender nada, para ele, se não puder se ter certeza de como funciona. Dá-se assim a origem do pensamento ceticista.

Ele dirá o seguinte: não posso confiar nos meus sentidos para me dizer o que há a minha volta, logo, não posso confiar que aquilo realmente está lá, e que realmente é da forma que me parece. Se a minha mente pode compreender os objetos de uma forma que se adapte a minha capacidade de pensamento, eles podem muito bem nem mesmo existir fora da minha mente. Podem ser apenas sombras na parede da caverna.

Sendo assim, não era possível ter certeza da existência de nada. E não havia base na qual se segurar, para criar uma explicação para a existência.

No entanto, existe uma única impressão que chega ao nosso cérebro sem precisar de intermédio dos sentidos. Essa impressão é o pensamento, o raciocínio.

Ele é o único que surge de dentro para fora, não influenciado pelo meio exterior, luz ambiente, nervos etc... e ninguém além daquele que pensou parece se dar conta dele.

No pensamento, por tanto, se pode imaginar, não é tão orgânico ou passível de perspectiva quanto a observação de uma paisagem, por exemplo.

O pensamento, no entanto, não é estático, é uma ação de pensar. E essa ação, como toda ação, precisa de um agente para que ocorra. E como ela surgiu na minha cabeça, e ninguém alem de mim parece ter a percebido, aparentemente ela é minha. Portanto, o ato de pensar comprova que eu estou pensando, e por tanto, que eu existo.

Era a única certeza a qual ele pode chegar.

Parece uma ideia boba, não é? Mas agora pense comigo.

Se um ator interpreta um mesmo personagem por muitos anos, em uma novela, por exemplo, e está tão acostumado com sua forma de agir e pensar, que já o conhece muito bem. Em um jogo de interpretação, seria capaz de saber como ele reagiria ou pensaria em cada situação de forma natural.


Se aquele personagem, dentro daquele ator, tem pensamentos próprios, será que ele também existe?

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